Hoje falaremos sobre o soco do wing chun. Um psicanalista nunca deixa de se autoanalisar. Qualquer pessoa que já tenha feito estudo consegue desenvolver essa capacidade e aplicá-la em várias atividades do seu dia a dia, refletindo e meditando em cada ato.
Sobre o soco do wing chun
Recentemente comecei a estudar e praticar o wing chun, a arte marcial do Bruce Lee, e um soco nunca mais foi só um soco. Para quem recebe o soco, aquele momento da agressão, muitas vezes te paralisa. Uma vez que reagir se você não esperava o soco? Mas ele veio.
E você é obrigado a reagir. Entenda cá “o soco” porquê um tanto simbólico. Pode ter sido um momento de agressão não-física, o desarrimo, a traição inesperada, que sempre caem porquê um soco no estômago.
Para alguém pacífico, aprender que precisamos saber nos proteger de uma agressão, é um repto. AGIR! E agir no timing! Na hora certa, ou você colheita (da vida).
O soco do wing chun: ser tranquilo e infalível porquê Bruce Lee
Já sabia dos benefícios de se praticar artes marciais, mas adiava. Num soco aprendi sobre assertividade. Estar no momento presente! Revisitei lugares. Não de agressão física, mas de abusos, onde não me desviei do soco, porque não esperava por ele. Eu não agi!
E depois fiquei ali, paralisada por meses, entendendo porque levei o soco? Uma vez que a música do U2, Stuck in a moment that you cant get out of. Me punindo, me autossabotando, duvidando do meu valor. O que gerou fobias, compulsões, medos inexplicáveis do novo, do inesperado. Uma prisão mental difícil de transpor que nos incapacita.
O sentimento de desarrimo
Meu cérebro paralisou naquele momento de desarrimo, de taboca ,de desilusão com o outro. Uma vez que ele foi capaz disso? E isso nos joga de novo no momento do traumatismo, revivendo e revisitando ele muitas vezes.
Revisitar lugares de angústia e sofrimento é o invitação inóspito que a psicanálise faz o tempo todo, que poucos corajosos se dispõem a explorar. Olhar de novo para aqueles momentos que nos fizeram suportar, mas agora olhar de fora, porquê um visitante.
Você não está mais lá naquele lugar. Dissociar-se de um momento para poder encontrar novamente o estabilidade de si mesmo, a tratamento psíquica de um traumatismo, a sublimação.
E o wing chun veio e me disse: Reaja!
Me perdoei por todas as vezes que não merecia colher. O atacador só mostrou seu caráter desleal e desumano. Nunca tem a ver conosco. A vitima é a vitima.
Entendam que não é sobre perdoar o atacador, é sobre seguir em frente pelo muito de si mesmo. Quem bate, esquece. Porque muitas vezes está inconsciente da agressão que cometeu.
Epílogo
Para aqueles que estão acostumados ao treino de olhar pra dentro de si, e para aqueles que estão dispostos a exercitar isso, recomendo fazer estudo e também wing chun para saber que “os socos” da vida virão , e temos que saber nos desviar e nos proteger deles.
Quanto mais rápido, melhor.
Nascente item sobre o soco do Wing Chun foi escrito por Elizabete Bomfim. professora e psicanalista.Novata nas artes marciais, mora em Porto, Portugal, há 6 anos. Atendimentos online: @elizab_psicanalise.
