O Brasil está em negociações com o México e a Colômbia para publicar uma enunciação conjunta para que a Venezuela libere os registros das urnas de cada seção eleitoral, segundo fontes do governo brasílio ouvidas pela Bloomberg.
Liderados por presidentes de esquerda próximos ao governo venezuelano, os três países aguardam a divulgação dos dados do Parecer Pátrio Eleitoral (CNE) do país para se posicionarem oficialmente sobre o reconhecimento das eleições de domingo (28) que elegeram Nicolás Maduro para o terceiro procuração.
Na segunda-feira (29), o assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, ressaltou que o CNE se comprometeu a fornecer as atas que confirmam o resultado eleitoral e afirmou que não vai endossar a narrativa de fraudes nas eleições, levantada pela oposição de direita liderada por María Corina Machado.
“Não vou endossar nenhuma narrativa de que houve fraude. É uma situação complexa e nós queremos estribar a normalização do processo político venezuelano”, afirmou Amorim em nota. “O governo brasílio continua acompanhando o desenrolar dos acontecimentos para poder chegar a uma avaliação baseada em fatos. Uma vez que em toda eleição, tem que ter transparência”, afirmou o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-chanceler, que foi à Caracas para seguir a apuração.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Amorim ressaltou que a oposição venezuelana “também não comprovou zero” em relação às acusações contra o processo eleitoral. “Não mostrou as atas que diz ter na mão. Por isso temos que esperar. Se não houver solução, logo vemos o que fazer, e porquê o Brasil deve agir.”
Ainda na segunda-feira (29), Amorim se reuniu com Nicolás Maduro e com o candidato de oposição, Edmundo González Urrutía. Em relato sobre o encontro postado em suas redes, Maduro afirma ter dito ao assessor de Lula que “há um grupo de opositores que quer uma selecção democrática, com saudação a intituições, mas esse grupo [liderado por Machado] é radical, fascista. Não é uma oposição democrática.” O ex-chanceler brasílio retorna ao Brasil nesta terça-feira (30), onde deve se encontrar com Lula – que deve se pronunciar sobre o processo eleitoral venezuelano em seguida.
Em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a Executiva Pátrio do Partido dos Trabalhadores reconheceu a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas. “Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz a nota do partido, presidido pela deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Posicionamentos
O Núcleo Carter, principal organização de reparo eleitoral internacional que atuou na eleição – e chegou a considerar o sistema eleitoral venezuelano porquê o melhor do mundo em 2012 – , também defende a divulgação dos dados das mesas de votação.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou, nesta terça-feira (30), que as eleições presidenciais de domingo na Venezuela, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi dito vencedor, sofreram “a mais anómalo manipulação”, em um transmitido do gabinete do seu secretário-geral, Luis Almagro.
Edição: Leandro Melito