Movimentos populares brasileiros emitiram nota nesta quarta-feira (7) apoiando a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na crise eleitoral venezuelana. Brasil, México e Colômbia divulgaram enviado reforçando o pedido de divulgação de dados, por mesa de votação, nas eleições venezuelanas. Os movimentos cumprimentaram a “sábia posição” formada pelos três países e disseram estar torcendo “para que a situação das atas se resolva logo”.
A nota é assinada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Levante Popular da Juventude, entre outros. O texto afirma que a extrema direita venezuelana promoveu uma “vaga sistemática da violência” para desestabilizar o país em meio ao processo eleitoral. Ainda de tratado com o documento, a oposição queimou prédios públicos e “assassinou diversos militantes do PSUV e de organizações comunitárias”.
Os movimentos lembram também que o Brasil passou pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff que teve a mesma origem do processo de desestabilização da Venezuela: a política imperialista dos Estados Unidos. O texto faz a salvaguarda de que a lentidão na divulgação das atas eleitorais foi causada por um ataque hacker no sistema eleitoral venezuelano.
O presidente Nicolás Maduro foi eleito com 6,4 milhões de votos (51,97%) contra 5,3 milhões (43,18%) do opositor Edmundo González com 96,87% das urnas apuradas.
A divulgação das atas eleitorais, no entanto, é o principal tema envolvido nas eleições da Venezuela. A oposição afirma ter mais de 70% das atas e que isso garantiria a vitória de Edmundo González Urrutia. Antes mesmo da divulgação dos resultados, a ex-deputada ultraliberal María Corina Machado já havia dito que “González Urrutia teve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%”.
O movimento da Plataforma Unitária deu início a protestos violentos no último dia 29 de julho, mas que perderam força ao longo da semana. Na última segunda-feira (5), o candidato derrotado nas eleições venezuelanas Edmundo González Urrutia publicou nota nas redes sociais pedindo que militares do país “desobedeçam ordens”. No texto, o ex-embaixador se autoproclama “presidente eleito” da Venezuela e volta a declarar, sem provas, que o presidente reeleito Nicolás Maduro não teve mais de 30% dos votos.
O presidente Nicolás Maduro entrou com recurso no TSJ pedindo uma investigação em relação aos ataques cibernéticos e à divulgação das atas. A medida é instrumento para pedir à Justiça o cumprimento da Constituição em determinada situação, ou seja, para questionar ações ou omissões de qualquer um dos Poderes. Neste caso, o pedido é para que a Sala Eleitoral da Golpe investigue o que o CNE denunciou uma vez que ataques hackers contra o sistema eleitoral venezuelano.
A Sala Eleitoral recebeu na segunda-feira (5) todo o material eleitoral do CNE e começou a analisá-lo.
A chancelaria brasileira tem conversado com o governo venezuelano para tentar dissipar a tensão no país. O próprio Lula já disse em entrevista que a entrega das atas é um ponto importante, mas que não é preciso alarmismo com a situação da Venezuela. “Se tem um problema, uma vez que vai resolver? apresenta a ata. Se houver incerteza entre oposição e situação sobre a ata, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça passar o processo. Terá uma decisão que a gente tem que obedecer”, disse ele à Globonews.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse ter contato direto com o chanceler Mauro Vieira para fortalecer a notícia com o governo venezuelano, pedindo a entrega das atas eleitorais. O presidente da França, Emmanuel Macron, já havia muito Lula nesse processo.
A postura dos dois países se soma à última posição do governo dos Estados Unidos em uma enunciação de crédito no governo brasílio para amenizar a disputa política em torno das eleições da Venezuela.
Edição: Rodrigo Durão Coelho