Em seu primeiro álbum, lançado em 2004 com o nome de Violino Popular Brasiliano, Ricardo Herz já apresentava um repertório com traços fortes dos ritmos de seu País, apesar da formação clássica.
O músico havia se graduado em violino erudito pela USP e se aperfeiçoado na Berklee College of Music, nos Estados Unidos, e no Centre des Musiques Didier Lockwood, na França. Mas a identidade brasileira bateu possante quando se lançou uma vez que músico solista e na produção de composições.
“Quando comecei a tocar violino popular brasiliano, já tocava música erudita. Mas na música brasileira me interessei muito pelos ritmos nordestinos por conta da rabeca”, disse a CartaCapital. “Tem muita rabeca no Nordeste. Ouvia Antônio Nóbrega, Rabi Ambrósio, depois me apaixonei pelo acordeom de Dominguinhos. Tenho essas influências muito fortes.”
O músico explica que o violino, quando chegou ao Brasil, era sabido em Portugal por rabeca. A mudança ocorreu em solo brasiliano, mas em algumas regiões, uma vez que no Nordeste, a rabeca prevaleceu.
Vinte anos depois de seu primeiro álbum solo, Ricardo Herz lança seu 11º álbum, já disponível nas plataformas de música, com composições próprias baseadas em ritmos brasileiros.
“Paladar de levar para o violino, esse instrumento em que estamos acostumados a ouvir música erudita, a linguagem da música popular brasileira, com swing e pronunciação muito brasileiras”, afirma.
O novo álbum instrumental tem o nome de Sonhando o Brasil. Além de Ricardo Herz, a formação-base da gravação tem Fábio Leandro no piano e Pedro Ito na bateria e na percussão. O disco conta ainda com a participação da cantora Tatiana Parra, de Léa Freire na flauta e de Zé Luís Promanação na percussão.
Com relação possante com a música nordestina, o músico paulista explora no álbum os ritmos da região com faixas que remetem a coco, maracatu, frevo e xote. Aliás, o trabalho traz um pouco de choro-samba, o ritmo vassi, a toada e toques latinos.
A discografia de Ricardo Herz é diversificada e destaca um artista que circula entre o erudito e o popular com desenvoltura.
Em 2019, em seu último registro fonográfico lançado, apresentou um álbum gravado ao vivo em Cuba com uma orquestra de cordas, a Camerata Romeu – já analisado em CartaCapital. Sua trajetória ainda conta com um disco em duo com o pianista Nelson Ayres e outro com o violonista Yamandu Costa.
“Neste disco, agora, queria voltar para o universo da música brasileira instrumental”, resume.
Assista à entrevista de Ricardo Herz a CartaCapital: