Os problemas de mobilidade urbana em Belo Horizonte são históricos. Pelo menos é o que dizem os moradores da cidade e especialistas no tópico. Com as eleições municipais se aproximando, o Brasil de Traje MG entrevistou pesquisadores interessados no tema, para entender quais são as melhores propostas que constam nos programas de governo dos cinco candidatos que aparecem adiante nas principais pesquisas eleitorais.
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São eles Mauro Tramonte (Republicanos), Bruno Engler (PL), Duda Salabert (PDT), Rogério Correia (PT) e Fuad Noman (PSD).
Na avaliação de André Veloso, economista integrante do movimento Tarifa Zero BH, as candidaturas que se posicionam à esquerda, porquê Rogério e Duda, são as mais avançadas do ponto de vista da mobilidade urbana.
“As duas candidaturas falam sobre todos, ou quase todos, os aspectos da mobilidade de Belo Horizonte, porquê ônibus, calçadas e acessibilidade. As duas trazem uma questão que é muito importante: a visão zero, que é a teoria de que nenhuma morte no trânsito pode ser plausível e que há de se fabricar medidas de segurança para que isso não aconteça”, observa.
O programa de Mauro Tramonte, que lidera as pesquisas eleitorais, no entanto, está pleno de superficialidades, segundo o profissional, e um ponto a ser criticado é o tópico do programa do candidato que garante o cumprimento do contrato com as empresas de ônibus.
“O contrato é o principal problema da cidade, mas não pelo seu não cumprimento. Se ele fosse cumprido, a gente estava até em uma situação pior, porque, por exemplo, o contrato prevê que a tarifa aumente todo termo de ano. Se a tarifa aumentasse todo termo desde 2018, a gente estaria com ônibus a R$ 8”, explica.
Trânsito
Já o projeto de Bruno Engler propõe, entre outras coisas, a implantação de sistemas de controle de tráfico mais modernos, com o uso de lucidez sintético para melhorar o fluxo de trânsito e reduzir congestionamentos. O candidato também cita a realização de intervenções pontuais para solucionar problemas.
Para André, o problema não é a coordenação dos sinais de trânsito, que pode até melhorar, mas sim o excesso de pessoas que dependem do carruagem e da moto porquê meio de transporte. Isso acontece, de combinação com ele, porque o transporte coletivo é “ruim, custoso, lento, ineficiente e não passa com frequência”.
No programa de Fuad Noman, há pouca informação sobre projetos futuros, somente uma menção à construção do BRT na Avenida Amazonas, o que, na avaliação de André, é necessário, mas ainda não é suficiente.
Meio envolvente
Para Ana Marcela Ardila, coordenadora do Núcleo de Estudos Urbanos da UFMG e integrante do Parecer de Mobilidade de Belo Horizonte, um paisagem importante a ser levado em consideração é a estudo do tema a partir do chamado Triplo Zero, que engloba três tópicos importantes: zero emissões, zero mortes e zero tarifa.
“O projecto Rogério Correia e Duda Salabert discutem o tema do clima e a premência de trazer carros elétricos, transformando a matriz energética. Me parece que o projecto de Rogério é mais cobiçoso nas metas que ele quer fazer dessas políticas, enquanto o projecto da Duda é mais universal, não estabelece claramente os mecanismos. O projecto de Bruno Engler e Mauro Tramonte não traz zero sobre a questão ambiental”, aponta a professora.
Engler menciona somente o incentivo ao uso de transporte sustentável, porquê transporte público e veículos elétricos.
Tarifa Zero
O tema da gratuidade na tarifa só aparece nos programas de Duda e Rogério. Enquanto a proposta do deputado federalista é gradativa, com instrumentos de ampliação do subvenção tarifário para perseguir a tarifa zero, Duda propõe uma discussão a longo prazo. A deputada federalista defende que o serviço de transporte público seja custeado com recursos públicos, porquê em São Paulo, e pensa em iniciar a discussão para implantação do Sistema Único de Mobilidade Urbana (SUM).
Segundo Ana Marcela Ardila, o projecto do deputado federalista é mais realista em termos de ocupação ao longo de quatro anos de gestão.
“Eu acho que o projecto Rogério Correia tem uma coisa interessantíssima que é a teoria de sustentabilidade econômica na discussão da tarifa zero, que tem que ser feita”, pondera.
O programa do candidato também é o único a abordar o transporte suplementar, importante para cidade desde 2001. Rogério propõe a revisão e ampliação de licitação, e também quer impor às empresas que operam o sistema uma fiscalização eficiente.
Acessibilidade
Ana aponta que é crucial que os planos de mobilidade estejam alinhados com o projecto diretor e a política vernáculo de mobilidade urbana. Defende, também, que a mobilidade não deve ser entendida somente porquê um conjunto de modos de transporte, mas também porquê uma forma de organizar a cidade e os diferentes elementos urbanos, porquê onde erigir shoppings, hospitais e escolas, sempre pensando em porquê as pessoas irão se locomover até esses locais.
“Um paisagem que nenhum dos candidatos abordou de forma satisfatória é a questão das grandes estações de transporte e a acessibilidade em áreas porquê Vilarinho e Pampulha. A forma porquê essas áreas serão conectadas à cidade é fundamental para o sucesso da mobilidade urbana”, acrescenta.
Nesse paisagem, há um ponto positivo no programa de Duda, segundo a profissional, já que ela propõe estudos sobre novas formas de deslocamento e oferta de serviços de transporte entre os aeroportos de Belo Horizonte e as centralidades da capital.
Grupos vulneráveis
Em relação à taxa de mortalidade no trânsito, Ana Marcela Ardila labareda a atenção para dois grupos mais vulneráveis, os motociclistas e os idosos, negligenciados em quase todos os programas de governo.
Mauro Tramonte, por exemplo, cita a implementação de vias exclusivas para motos, mas não aprofunda o tópico em seu projeto.
“É preciso lembrar que as pessoas que usam moto hoje são um tema muito importante na cidade. O maior índice de sinistralidade são entre os motociclistas, seguido das pessoas idosas”, lembra.
Com o envelhecimento notório da população belo-horizontina, Ana acredita que é preciso prometer condições adequadas para pessoas idosas, ou o número de mortes continuará aumentando.
“Mauro Tramonte e Bruno Engler consideram pouco a questão das calçadas, e, no caso de Rogério e Duda, falta uma abordagem mais ambiciosa. É necessário que o poder público atue de forma mais incisiva. Sem isso, continuaremos a ver problemas graves em áreas porquê a região hospitalar, onde a falta de calçadas adequadas resulta em mortes”, sinaliza.
Natividade: BdF Minas Gerais
Edição: Ana Carolina Vasconcelos