Um incêndio consumiu segmento das moradias do Acampamento Esperança, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), em Dourados (MS), no início da tarde desta quinta-feira (29). Sete barracos foram destruídos e os moradores suspeitam que trata-se de um delito praticado por latifundiários.
As chamas começaram em barracos cujos moradores tinham terminado de transpor. Exatamente neste momento acontecia a visitante de uma comitiva de juristas, indigenistas e representantes de entidades de resguardo de direitos humanos à retomada Yvy Ajerê, na Terreno Indígena (TI) Panambi Lagoa- Rica, em Douradina (MS).
“Eu estava lá embaixo almoçando, aí um senhor começou a gritar que estava pegando lume”, conta um morador. “Minha filha tinha terminado de transpor. Parece que estavam esperando ela transpor para poder botar lume”, informa uma mulher, que também vive no acampamento. Os moradores pedem para não ser identificados pois temem represálias.
Além das moradias, os agricultores perderam provisões, ferramentas de trabalho e até animais. “Cá tinha os franguinho (sic). Foram três franguinhos, esse e mais dois queimados”, lamenta um sem-terra. Ainda era provável ver, sobre o pavimento de terreno, o que restou dos animais.
Moradores conseguiram sustar as chamas antes que elas se alastrassem para os outros barracos. O acampamento abriga 270 famílias e fica à margem da rodovia MS-379.
Se confirmado o ataque, oriente será o segundo caso de violência contra o Acampamento Esperança somente neste mês. No dia 4 de agosto, o lugar foi encurralado por um grupo de tapume de dez pistoleiros, que efetuaram tiros contra os barracos e atearam lume em praticamente toda a superfície. O ataque aconteceu logo depois que os moradores da Esperança voltaram de uma comboio de solidariedade aos Guarani Kaiowá na TI Panambi Lagoa-Rica. Só as casas escaparam, porque uma pequena rua as separava das chamas. Dessa vez, elas foram intuito.
“A gente faz a luta pela terreno, logo eles não querem que a gente faça esse trabalho, né? De pousar as pessoas, das pessoas terem honra, de morar em cima do que é delas”, lamenta um morador.
Edição: Felipe Mendes