Bem Viver: ‘A Branquitude Sempre Cuidou De Assunto De Preto’, Afirma Elisa Lucinda

No mês em que se celebra o Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, o Muito Viver, programa do Brasil de Traje, traz uma conversa privativo com a multiartista Elisa Lucinda, uma amante da língua portuguesa. Seja na trova, escrita, ou nos palcos e televisão, ela se expressa tirando a dor e o riso mais sensível de quem a assiste.

São mais de três décadas de dedicação que lhe renderam prêmios no cinema, no teatro e principalmente no imaginário da população brasileira por ter consagrado tantas personagens nas novelas. Em 2020, Elisa Lucinda recebeu o Prêmio Próprio do Júri do Festival de Cinema de Gramado. E, no ano pretérito, o Troféu Raça Negra, porquê melhor atriz, pela atuação na peça Parem de Falar Mal da Rotina.

“É seguro o boca a boca dele [espetáculo]. Se chegar em mansão você vai ver que seu marido veja, que seu fruto veja, que seu pai veja, que seu patrão veja, que a tua amiga veja, que a tua mana. É muito louco, que são vários temas e em qualquer você conhece alguém ao qual esse tema é necessário. Logo eu acho que o Parem de Falar Mal da Rotina para mim é um remédio, uma arte, que é um remédio engraçado, que você serve até pra mim. Eu tenho saudade, eu preciso fazer também. Pra fazer aquele brinde, a vida, ao inédito e à estreia”, conta ela.

O espetáculo está há mais de 20 anos em papeleta, já virou livro e está com uma novidade temporada pelo país, sempre “se renovando”, porquê define Elisa. Hoje, a artista está com um documentário biográfico em produção com a cineasta Glenda Nicácia, diretora da obra premiada Moca com Canela juntamente com Ary Rosa.

“Fui ver o filme dela, Moca com Canela, e ouvi pela primeira vez o som do cabelo crespo, o meu cabelo, no cinema brasílico. E eu me toquei que tinha visto milhares de filmes com escova no cabelo de liso. Eu me emocionei. Pra minha sorte, ela quer fazer um documentado da minha vida, eu adoro o olhar dela. Ela é poeta. E ela é poética e poeta na vida real. Eu estou muito feliz, acredito que ano que vem a gente tem o filme”, celebra Elisa.

Falando sobre representatividade preta na televisão, a artista interpretou, recentemente, a personagem Marlene na romance Vai na Fé da Rede Orbe, a primeira dramaturgia brasileira com a maioria do elenco formado por pessoas negras.

“É que a proporção é desproporcional. Pelo dano causado e contínuo, e que não para, e que acontece hoje, isso é zero. Mas, diante do tamanho do esquema, nós, eu e todos os pretos desse Brasil vivemos num jogo roubado, porque é isso, você é excluído pela cor da pele de longe nem sabe. O pedaço, que agora a gente andou, pode não ser tão grande, mas ele é muito importante. Está ficando mal-parecido ter filmes sem preto. A branquitude sempre cuidou do objecto de preto, sem a nossa opinião. Roterizando, dirigindo e interpretando porquê o Sérgio Cardoso fez pintando a rostro de preto. Logo chegar na Orbe para fazer essa romance era caminhar na minha utopia. Eu nunca entrei lá com tanto preto. Eu nunca tinha visto tanto preto na TV brasileira.”

Elisa ainda tem muita desejo, para seguir combatendo o racismo por meio da arte, ao mesmo tempo que celebra as conquistas vivenciadas, sem olvidar das que vieram antes.

“Isso já era a crédito no que Zezé Mota já tinha simples, Léa Garcia, Ruth de Souza tinha simples, o que Chica Xavier tinha simples, sabe? Nós temos muito que ocupar. Muitas atrizes antes de nós choraram a vida inteira nos seus quartos porque passaram a vida fazendo uma empregada doméstica. Sempre a mesma. ‘Boa tarde, Dona Heloisa, quer manducar, Dr. Fausto?’. Sendo uma grande atriz, querendo fazer alguma coisa que tivesse qualquer círculo dramático para passar a romance inteira falando isso, é muito cruel, é reproduzir a escravidão na ficção. Isso é um dívida que a humanidade tem com a gente. Dia 25, pra mim, é um dia de maltratar esse tambor, o tambor da gratidão por África”, afirma.

Confira a entrevista completa no programa.

E tem mais…

O Muito Viver mergulha ainda na ancestralidade das mestras e griôs do Região Federalista, mulheres revolucionárias que dedicaram a vida pelo coletivo e pela resistência de cultura, identidade e tradições.

O programa chega na cultura, no zelo com a terreno, a relação com a natureza da “afroecologia” nos assentamentos da Reforma Agrária no Pernambuco.

E, é óbvio, que não ia permanecer de fora uma receita muito nossa: é uma moqueca de banana com a chef Gema Soto.

Quando e onde ver? 

No YouTube do Brasil de Traje todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar cá.

Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no conduto 44.1 – sinal do dedo HD simples na Grande São Paulo e conduto 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no conduto 12 da NET. 

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no conduto 12 da NET. 

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no conduto 40 UHF do dedo. 

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no conduto 30 (7.1 no aparelho) do sinal do dedo. 

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Ducto 15 da NET. 

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no conduto simples 16.1, Sky 316, TVN 16 e Evidente 17. 

Sintonize

No rádio, o programa Muito Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Traje, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Muito Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.

Edição: Nicolau Soares

Fonte: CRENTE NEWS

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Leibe Felipe

Leibe Felipe

Leibe Felipe é um Jovem Cristão, Fundador da Escola Cristã Humaniza, Especialista em Estratégias Digitais e Marketing Politíco -> @felipeleibe

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