As queimadas que atingiram o estado de São Paulo nesse termo de semana e espalharam consequências por boa segmento do território paulista e em outras unidades da federação podem ter sido um movimento criminoso coordenado. O cenário lembra o que ocorreu no Pará, em agosto de 2019, quando fazendeiros combinaram incêndios florestais por aplicativos de mensagens.
Espargido porquê “Dia do Incêndio”, a série de crimes ocorreu entre 10 e 11 de agosto de 2019, em território amazônico. Produtores rurais se mobilizaram para atear queimação em diversos locais. Na quadra, foram descobertos esquemas, inclusive, para financiar a ação criminosa, com rateio do combustível usado nos atos ilícitos
O resultado foi devastador: o número de focos de calor aumentou 1.923% em verificação ao mesmo período do ano anterior. Só nesses dois dias foram detectados 1.457 focos de calor no estado, com 53 atingindo Terras Indígenas e 534 em Unidades de Conservação.
No território paulista, embora o estrago totalidade ainda não tenha sido contabilizado, o volume de prejuízos dos incêndios dos últimos dias também foi grande. São Paulo bateu o recorde vernáculo na última sexta-feira (23), com mais de 2,3 milénio focos de queimação.
A crise ambiental inédita causou a morte de dois brigadistas em Urupês e levou o estado a estatuir emergência em mais de 40 cidades. As consequências também são sentidas em outros locais do país. No domingo (25), Brasília, Goiânia e Belo Horizonte foram encobertas por fumaça.
Aliás, voos foram cancelados no triângulo mineiro, na capital goiana e no interno do estado de São Paulo. O aeroporto de Ribeirão Preto, umas das cidades mais atingidas pela fumaça, ficou fechado até domingo (26).
Frente aos indícios de criminalidade, investigações foram abertas. A Polícia Federalista vai iniciar 31 processos de apuração em todo o país para chegar à origem das queimadas. Duas pessoas já foram presas, acusadas de terem provocado queimação na região de São José do Rio Preto e em Batatais.
A ministra Meio Envolvente, Marina Silva, reforçou a suspicácia de que o evento esteja relacionado a uma ação criminosa coordenada. “Da mesma forma que tivemos o Dia do Queimação há uma potente suspeita que agora esteja acontecendo de novo. Em São Paulo não é proveniente, em hipótese alguma, que em poucos dias tenham tantas frentes de incêndio envolvendo vários municípios. Mas obviamente que isso as investigações vão proferir”, disse.
Já as apurações sobre o Dia do Queimação de 2019 avançaram pouco. Tanto o questionário federalista quanto as investigações da Polícia Social não apontaram responsáveis diretos pelos incêndios e ninguém foi recluso.
Edição: Martina Medina
