As eleições em Porto Contente estão marcadas pela tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul. Para diversos setores, o porvir da capital gaúcha passa por repensar o padrão de cidade.
Nesse sentido, desde o início de agosto, movimentos populares, entidades ambientais e da economia solidária, associações culturais e lideranças sociais têm reunido esforços para formular propostas que serão entregues às candidaturas. As discussões são promovidas pelo CAMP – Núcleo de Assessoria Multiprofissional, ONG que atua há 40 anos com instrução e organização social no estado.
“O ciclo de debates ‘Porto Contente: Nosso Muito Universal – Democracia e Mudança Climática’ reuniu um conjunto de sujeitos e atrizes cá de Porto Contente que debatem vários temas que estão relacionados à melhoria da qualidade de vida das pessoas na cidade através das políticas públicas e das lutas sociais. Desde a questão da ocupação para moradia até a questão de porquê, a partir dos princípios da economia popular solidária, gerar um novo padrão de desenvolvimento. E essas diversas políticas públicas para a melhoria da cidade foram que a gente começou a pensar e a aprofundar mais ainda a partir da questão das mudanças climáticas que a gente vêm sofrendo”, afirma a socióloga e coordenadora do CAMP, Daniela Tolfo.
Confira cá a reportagem em vídeo:
O ciclo iniciou com um encontro realizado no Plenarinho da Parlamento Legislativa do RS. Atividade contou com a participação do ex-governador Olívio Dutra, o ambientalista Francisco Milanez e a doutora em Planejamento Urbano e Regional Betânia Alfonsin, e foi coordenado pela economista e conselheira do CAMP Lúcia Garcia.
Em uma novidade lanço formaram-se grupos de trabalho. Cinco eixos nortearam os debates: infraestrutura, moradia, segurança, desenvolvimento solidário e cultura. Cada grupo fez um diagnóstico sobre as principais necessidades da cidade, que depois foram sistematizados em uma terceira lanço do ciclo.
“A nossa intenção agora é a gente elaborar uma missiva de propostas e de avaliação de propostas, de qual cidade a gente quer, qual é essa cidade, qual é essa Porto Contente que pode vivenciar um muito generalidade e enfrentarmos mudanças climáticas de forma muito mais consciente, justa e sustentável. E entregar essa missiva para os candidatos à Prefeitura de Porto Contente”, explica Daniela.
A coordenadora do CAMP ressalta que durante os diálogos do ciclo, ficou evidente o entendimento de que democracia passa por “participação qualificada, ampliada e deliberativa”. Por isso, a urgência de “uma retomada efetiva do Orçamento Participativo”, além da ampliação dos conselhos de políticas públicas, aliando elaboração de políticas públicas com participação popular nas finanças.
As enchentes no debate político
O tema das enchentes, a responsabilização do Poder Público pelos erros cometidos e as propostas de solução estão entre os principais debates na corrida eleitoral da Prefeitura de Porto Contente. O que ficou evidente nos primeiros debates entre os candidatos e candidatas já realizados.
O cenário é de polarização. De um lado, o atual prefeito Sebastião Melo (MDB) procura a reeleição com o pedestal de partidos da extrema direita. Do outro lado, Maria do Rosário (PT) procura colocar a esquerda novamente no Paço Municipal depois 20 anos.
Para o sociólogo Jorge Branco, primeiro grande debate da eleição na capital gaúcha será por quais assuntos vão mobilizar e ocupar os eleitores. “Se é uma taxa em torno da conhecimento ou incompetência do atual prefeito em gerenciar a cidade de um modo universal, em próprio na crise climática, na enxurro que nós vivemos. Acho que esse é o interesse da candidatura à esquerda, de Maria do Rosário. Por outro lado, a candidatura do atual prefeito tentar higienizar a gestão da sua incapacidade.”
Rabino e doutorando em Ciência Política, Branco avalia que “a estratégia da disputa da taxa do atual prefeito vai ser aquela típica da extrema direita no mundo e no Brasil, que é levar para uma taxa ideologizada, de costumes, uma taxa anticomunista, antidemocrática, falar de armas, falar de segurança”.
Melo e Maria despontam
Intenções de votos para a prefeitura de Porto Contente – pesquisa estimulada / Manadeira: Pesquisa Quaest
A pesquisa Quaest contratada pelo Grupo RBS e divulgada nesta terça-feira (27) mostra empate técnico no primeiro vez. Melo aparece com 36% das intenções de voto, enquanto Maria tem 31%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, por isso o empate técnico. A pesquisa ouviu 900 pessoas entre 24 e 26 de agosto.
Subalterno de Melo e Maria estão Juliana Brizola (PDT), com 11%, e Felipe Camozzato (Novo), com 3% das intenções. Votos que estarão em disputa no segundo vez, caso o cenário se confirme. Os demais candidatos, Carlos Alan (PRTB), Cesar Pontes (PCO), Fabiana Sanguiné (PSTU) e Luciano do MLB (UP), não pontuaram.
“Acho que o Melo talvez jogue numa teoria de já buscar o sufragista dessa outra candidatura, já no primeiro vez, enquanto que a Maria do Rosário vai ter o repto de convencer a totalidade daquelas pessoas que querem votar na Juliana Brizola, de pelo menos no segundo vez votarem nela”, prossegue Branco.
O sociólogo destaca que o Rio Grande do Sul tem uma cultura politizada no sentido de muitas pessoas já terem uma posição definida preparatório ao debate eleitoral, o que deixa “estreita a margem de manobra”. Ainda assim, avalia que esse é um público que pode fazer a diferença e que o grande repto das candidaturas “é buscar esse sufragista ainda indefinido”.
Manadeira: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko
