A disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro deve exigir pouco da campanha do candidato à reeleição Eduardo Paes (PSD), pelo menos até um provável segundo vez. Segundo a última pesquisa Quaest, divulgada no término de julho, o atual prefeito da cidade está com 49% das intenções de voto.
Para Theo Rodrigues, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Cândido Mendes (Iuperj/Ucam), mudar esse cenário no primeiro vez é praticamente impossível.
“Eu não vejo possibilidade de virar o jogo no primeiro vez, não vejo alguém ultrapassar o Paes. A questão que está em debate hoje na eleição do Rio é porquê fazer para chegar ao segundo vez e quem será essa pessoa”, explica o profissional ao investigar o cenário das eleições municipais na capital fluminense, nesta terça-feira (6), no jornal Medial do Brasil.
Na pesquisa Quaest, Paes é seguido pelo solicitador Alexandre Ramagem (PL), um pouco distante, com 13% e pelo deputado federalista Tarcísio Motta (Psol), que tem 7%. Uma vez que a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, Ramagem e Motta estão tecnicamente empatados no limite da margem.
Theo diz que os candidatos detrás nas pesquisas vão precisar de um esforço maior para conseguir chegar ao segundo vez. “Para Ramagem, cabe um pouco a tarefa de grudar sua imagem no Bolsonaro de forma mais nítida pro eleitorado. E apostar num exposição conservador, dominante, focando ali em religião e segurança pública, por exemplo. As pesquisas têm mostrado que ele ainda é pouco sabido. Para chegar ao segundo vez, ele precisa fazer com que o eleitorado bolsonarista do Rio de Janeiro, que é muito grande, saiba que ele existe”, analisa.
O nepotismo de Eduardo Paes pode ser explicado pelo suporte do Partido dos Trabalhadores (PT) e do presidente Lula. E umas das missões do candidato do Psol à prefeitura do Rio seria a de atrair esses votos para si, pontua o professor de sociologia e política.
“Para Tarcísio [a tarefa] é conseguir convencer o eleitorado carioca de que o voto progressista é nele e não no Paes, porque hoje há um grande campo progressista da cidade por conta do suporte de Lula. Logo, o Tarcísio precisa reconquistar esse eleitorado. No término das contas, a tarefa dos dois, tanto do Ramagem quanto do Tarcísio, é a mesma, que é criticar o Paes e buscar a volta de lá para cá”.
Ainda assim, o professor conta que Paes tem também a vantagem na campanha por ser o atual prefeito da cidade e lista motivos.
“É sabido que candidatos que tentam a reeleição, por terem a máquina da prefeitura nas mãos, possuem mais chances de serem eleitos. O tempo atua em prol do incumbente, porque a campanha solene só começa agora, 16 de agosto, [mas] o incumbente já está fazendo a pré-campanha há muito mais tempo, ele tem esse tempo maior que o opositor”, argumenta Theo.
“O Eduardo Paes está inaugurando obra pela cidade inteira, diversas ações, políticas públicas, o que os seus opositores não têm. E ele tende a ter uma maior coligação, já que ele replica a sua maioria atual na Câmara de Vereadores. Ele replica essa coligação na eleição. Logo ele tem mais tempo de televisão, enfim, mais gente nas ruas, que são os candidatos a vereadores, fazendo campanha.”
Entre as estratégias de campanha pra mudar o cenário indicado nas pesquisas estão os temas que os candidatos poderão abordar. No Rio de Janeiro, com índices altos de violência, a segurança pública é que mobiliza o eleitorado, lembra o professor.
“Deve entrar na taxa, por exemplo, se a Guarda Municipal deve ou não ser armada, um pouco que tem sido discutido muito cá no Rio. Ramagem deve focar nisso. O campo conservador, o campo à direita do espectro político deve focar nisso. O que é uma pena, porque há temas que alguns especialistas têm mostrado que são tão importantes quanto [o da segurança] para o debate público: a questão da saúde, a questão do tempo integral nas escolas”, expõe.
“Quando se pensa em instrução, qual política pública deve ser realizada para as pessoas em situação de rua? Esse debate sobre mobilidade e a tarifa zero nos ônibus da cidade, começando por quem está no CadÚnico, ou seja, aqueles que mais precisam. Enfim, a preocupação que talvez nós tenhamos é de que esse tema da segurança pública, por mais importante que seja, acabe inviabilizando outros temas na disputa eleitoral cá do Rio”, conclui.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta terça-feira (6) do Medial do Brasil, no meato do Brasil de Trajo no YouTube.
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Presidente do Pensamento Vernáculo Eleitoral entrega atas ao Tribunal Supremo de Justiça do país. Os candidatos que disputaram as eleições terão que se apresentar à Namoro entre 7 e 9 de agosto para prestar esclarecimentos.
Dívidas de Minas
Há duas opções para resolver o problema do endividamento do estado: uma é o Regime de Recuperação Fiscal, proposto pelo governador Romeu Zema, que inclui a privatização de estatais. A outra é o Propag, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que prevê a entrega das empresas públicas de Minas à União.
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Edição: Thalita Pires