Uma selfie com atletas das Coreias do Sul e do Setentrião posando juntos no pódio do tênis de mesa ganhou o mundo.
“E o celular ainda é Samsung”, celebrou o jornal sul-coreano JoongAng Ilbo. A foto foi tirada nesta terça-feira (30).
É mais um marco das Olimpíadas de Paris e ajuda a provar que o esporte tem papel diplomático.
Aconteceu na quarta, na competição de duplas mistas, em que os sul-coreanos Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin ficaram com o bronze e os norte-coreanos Jong-sik Ri e Kum-yong Kim levaram a prata.
O ouro ficou com os chineses Wang Chuqin e Sun Yingsha, que também participaram da foto.
As Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, já que nunca houve convénio de sossego depois o conflito entre 1950 e 1953.
Não é a 1ª vez que o esporte aproxima os dois Estados: por quatro vezes, já desfilaram juntos em cerimônias de aberturas das Olimpíadas: em 2000, 2004, 2006 e 2018.
A ocasião mais recente foi nas Olimpíadas de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul.
Além de usarem uma bandeira com um planta da Península Coreana, também montaram um time feminino conjunto pra disputar o hóquei sobre o gelo. Foi a única vez na história olímpica.
A Coreia foi ocupada pelo Japão entre 1910 e 1945, e até logo seus atletas competiam representando os japoneses.
Em Berlim 1936, o Japão levou ouro e bronze na maratona, mas eram na verdade atletas coreanos, Sohn Kee-chung e Nam Sung-yong, que tiveram seus nomes niponizados.
Competiram porquê Son Kitei e Nan Shoryu.
Ao subir no pódio e escutar o hino nipónico pra comemorar uma vitória sua, Sohn diz ter sentido uma “humilhação insuportável”. Ele e Nam baixaram a cabeça e Sohn cobriu a bandeira imperial do Japão com o buquê oferecido aos vencedores.
A Coreia do Sul estreou de forma independente nas Olimpíadas de 1948, quando a península já estava dividida, e a Coreia do Setentrião estreou em 1972.
A participação nos Jogos de Paris marca o retorno norte-coreano, que não participou de Tóquio alegando proteção contra a covid-19.
A exiguidade da Coreia do Setentrião de grandes competições surpreendeu a chinesa Sun, uma das medalhistas de ouro.
“É muito vasqueiro ter uma dupla norte-coreana em competição internacional. Nós nunca havíamos jogado contra eles antes. Eles têm pontos fortes e um estilo ilustre”, disse.
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Edição: Thalita Pires