A vitória de Nicolás Maduro nas eleições de domingo (28) são um tropeço para a predominância dos Estados Unidos na América Latina, analisa Stephanie Brito, da Plenário Internacional dos Povos (AIP) em conversa com o Brasil de Vestimenta nesta segunda-feira (29).
“Os Estados Unidos queriam muito que essa eleição desse um resultado que acabasse com a Revolução Bolivariana, com o governo socialista, porque isso abriria o caminho pros EUA novamente atuar de forma irrefragrável sobre o nosso continente”, aponta Brito.
“O que os Estados Unidos mais precisam nesse momento é manter de certa forma o que considera porquê o seu quintal, que é o nosso continente, sob controle, e a Venezuela é um grande tropeço pra isso, porque durante muitos anos, junto com Cuba, ousa colocar o seu próprio projecto de desenvolvimento vernáculo, o bem-estar dos seus cidadãos, supra das vontades e interesses dos EUA”.
O dirigente da diplomacia estadunidense, Antony Blinken, expressou nesta segunda-feira (29) “grave preocupação” com a possibilidade de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Ele pediu uma apuração “justa e transparente” dos votos – posteriormente o não reconhecimento da oposição de direita sobre a vitória de Maduro.
“Agora que a votação foi concluída, é de vital influência que cada voto seja exposto de forma justa e transparente. Pedimos às autoridades eleitorais que publiquem a escrutinação detalhada dos votos (atas) para prometer a transparência e prestação de contas”, disse.
Stephanie Brito apontam que o interesse estadunidense na política regional da América Latina se intensifica no momento de disputa contra a China, em que o país não consegue mais impor sua agenda de forma unilateral.
“Os Estados Unidos se sentem muito ameaçados pela economia da China, pela postura cada vez mais independente e autônoma do imperialismo e desafiante da Rússia. O conflito da Palestina tem levado a um ascenso do Irã na região do Oriente Médio. Nessa lance, a predominância dos Estados Unidos é muito contestada. Está se abrindo um novo momento na geopolítica no qual os EUA não conseguem impor sua agenda de forma unilateral e nesse sentido a Venezuela é um grande problema. O que os EUA mais gostariam é de que, pelo menos na América Latina, conseguisse impor a sua agenda de forma unilateral, já que não está conseguindo fazer isso no Oriente Médio e na Ásia.”
*Com AFP
Edição: Nathallia Fonseca